Transcreverei aqui um texto da colunista do "O Globo", Silvia Pilz, que foi escrito em julho de 2014 mas somente agora tomei conhecimento.
Deixo o convite pra que interajam comigo dizendo qual sua posição a respeito da publicação.
Sumaya
Eu quero voltar pro mundo onde anões eram
chamados de anões e não de pessoas
verticalmente prejudicadas. De cara, um anão
assusta, assim como, de cara, crianças com
Síndrome de Down também nos causam certo
desconforto.
Disfarçar o estranhamento é mais vergonhoso
que demonstrá-lo. É covardia. Crianças não
disfarçam. Perguntam, tentam entender e optam
por se aproximar ou não. É tão, mas tão
hipócrita essa regra de tratar o diferente com
naturalidade que chega a ser uma forma de
desprezo invertido.
Eu quero voltar pro mundo onde negros eram
chamados de negros, já que chamá-los de
afrodescendentes não mudou em nada o
preconceito que eles sofrem, sofreram ou
sofrerão. Todo mundo quer ser branco e ter
olhos claros. Negras alisam cabelos, pais e
mães,
quando resolvem adotar bebês, vão pro Sul do
país. Se bem que os mini-afrodescentes estão
em
alta. Simbolizam o "eu não tenho preconceito",
porque o que acontece em Hollywood, depois
de
um tempinho, acontece aqui. Parece uma
espécie
de campanha na qual quem adotar o mais feio
garante seu lugar no céu.
O colono sofre desse mal. Ele quer ser parecido
com quem o colonizou. Deve ser instintivo,
primitivo. Como diria um dos meus melhores
amigos, se Michael Jackson acordasse no
enterro dele, teria uma síncope ao ver tantos
pretos ao seu redor. Melhor exemplo de preto
que detestava ser preto não há.
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