segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Texto escrito por Silvia Pilz em 15.07.2014

Caros amigos e leitores. 
Transcreverei aqui um texto da colunista do "O Globo", Silvia Pilz, que foi escrito em julho de 2014 mas somente agora tomei conhecimento.
Deixo o convite pra que interajam comigo dizendo qual sua posição a respeito da publicação.
Sumaya



Eu quero voltar pro mundo onde anões eram 
chamados de anões e não de pessoas 
verticalmente prejudicadas. De cara, um anão 
assusta, assim como, de cara, crianças com 
Síndrome de Down também nos causam certo 
desconforto.
Disfarçar o estranhamento é mais vergonhoso 
que demonstrá-lo. É covardia. Crianças não 
disfarçam. Perguntam, tentam entender e optam 
por se aproximar ou não. É tão, mas tão 
hipócrita essa regra de tratar o diferente com 
naturalidade que chega a ser uma forma de 
desprezo invertido.
Eu quero voltar pro mundo onde negros eram 
chamados de negros, já que chamá-los de 
afrodescendentes não mudou em nada o 
preconceito que eles sofrem, sofreram ou 
sofrerão. Todo mundo quer ser branco e ter 
olhos claros. Negras alisam cabelos, pais e 
mães, 
quando resolvem adotar bebês, vão pro Sul do 
país. Se bem que os mini-afrodescentes estão 
em 
alta. Simbolizam o "eu não tenho preconceito", 
porque o que acontece em Hollywood, depois 
de 
um tempinho, acontece aqui. Parece uma 
espécie 
de campanha na qual quem adotar o mais feio 
garante seu lugar no céu.
O colono sofre desse mal. Ele quer ser parecido
com quem o colonizou. Deve ser instintivo, 
primitivo. Como diria um dos meus melhores 
amigos, se Michael Jackson acordasse no
enterro dele, teria uma síncope ao ver tantos 
pretos ao seu redor. Melhor exemplo de preto 
que detestava ser preto não há.

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